Um dos grandes sonhos de Monet era "transpor o tema dos nenúfares para paredes". O pintor não se atrevera a embarcar sozinho neste projeto titânico tendo em vista o preço exorbitante e a interminável duração até que este empreendimento implicaria.
Em 1914, uma americana audaciosa foi à casa do pintor. Naquele dia Monet levantara da cama com o pé direito e dispôs-se a recebê-la, o que não era costume do cobiçado eremita, pouco abordado por admiradores. A estranha apresentou-se como uma rica amante das artes e confidenciou ao artista que soubera por um jornal do desejo ambicioso do pintor. Ela, então, lhe confidenciou que construíra um enorme salão em Los Angeles e desejava decorá-lo com dez telas do artista.
Claude Monet, maravilhado com a proposta oportuna, não poderia ter sonhado mais alto: encontrar um rico patrocinador para lhe financiar o projeto e instalá-lo em um local apropriado.
Numa tarde os dois acertaram o preço, as dimensões exatas das obras e o prazo de conclusão do projeto. Um contrato oral concluiu a entrevista e tudo levava a crer que Monet fizera um bom negócio.
O artista, levado pelo entusiasmo do incrível projeto, encomendou telas, feitas sob medida, e pincéis personalizados. Durante o verão de 1915, construiu novo ateliê em Giverny, grande o suficiente para acomodar os enormes painéis. O prédio foi equipado com iluminação especial para sublimar a conclusão luminosa das obras.
Um dia, um jornal nova-iorquino, revelou a triste verdade: a americana era de fato uma jornalista que usou a estratégia para abordar o famoso pintor, gabar-se de ter falado com ele e de tê-lo fotografado na privacidade do seu jardim. A jornalista usou todo o charme para mexer com a ambição pessoal de Monet.
Retrato de Claude Monet, em 1899. Coleção particular, Gaspard-Félix Nadar.
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