Futilidades em um café em Paris. Leia-se de passagem, um vexame passado por Dom Pedro II ao encontrar a Imperatriz Sissi.
Na viagem do Imperador brasileiro à Europa, em 1871, ele conheceu Sissi, a Imperatriz consorte da Áustria, Rainha consorte da Hungria e Boemia, duquesa da Baviera, resumidamente, a Imperatriz do Império Austro-húngaro.
O encontro de Pedro II com Sissi ocorreu em Paris, informalmente, devido a uma situação meramente ocasional que os colocou no mesmo lugar.
Era temporada de compras em Paris, Sissi encontrava-se com suas damas de companhia fazendo suas comprinhas até que, num desses intervalos entre uma loja e outra, Sissi entrou em um café para descansar.
O dono do estabelecimento reconhecendo que a dama se tratava da Imperatriz da Áustria, imediatamente fechou as portas e resolveu expulsar todos os clientes, para deixar Sissi mais à vontade possível.
Ocorre que um desses clientes expulsos era ninguém menos que Dom Pedro II do Brasil.
Ouviu-se muitos gritos dos próprios funcionários do café avisando ao dono do empreendimento:
"Esse não pode expulsar!!! É Vossa Majestade Dom Pedro II, Imperador do Brasil!!!"
O circo estava formado.
A confusão chamou a atenção de Sissi, que já percebia o dono do estabelecimento pedindo perdão literalmente de joelhos chorando à Pedro II.
Sissi acabou chamando Pedro II para compartilhar a mesa, e lhe confessar que tinha coleções de joias e artesanatos brasileiros.
"Vossa majestade, possuo um viveiro na Boêmia com vários pássaros do Brasil, são os mais bonitos e exuberantes!"
Pedro II não foi muito caloroso como era de sua costumeira personalidade, pois, ele havia sido informado sobre a fama de Sissi, de ser extremamente arrogante e com humor ácido.
E, mesmo assim, os dois ficaram cerca de duas horas conversando.
Embora não tivesse sido uma conversa de rico conteúdo, foi o suficiente para Pedro II perceber que a fama de Sissi, dita arrogante, era exagerada.
Mas fútil sim, ela era em demasia.
Diário de Pedro II:
"Hoje conheci a famosa imperatriz da Áustria, em um café perto do hotel pelo simples acaso. Não tenho muito o que escrever sobre ela, mas sua beleza física realmente era notável e o luxo quase circense que a envolvia também. Conversamos sobre o Brasil, a natureza, cavalos, aves e convites mútuos de ela ir ao Brasil e eu ir a Viena para um baile. Ela tem uma aparência de uma princesa de contos de fadas e seus gestos eram meticulosamente calculados. Uma imperatriz esteticamente perfeita para os livros de fantasia, porém, sem muita cultura ou interesse por assuntos com conteúdo mais vastos, era claramente polida e educada, pois menos do que esperado devido sua posição tão grandiosa que ocupa. Uma imperatriz linda e luxuosa de um império lindo e luxuoso. Tocamos no assunto de nosso parentesco devido minha augusta mamãe Leopoldina ter sido Arquiduquesa da Áustria, mas o espelho que uma das damas de companhia segurava milimetricamente posicionado ao rosto da imperatriz chamava mais sua atenção do que qualquer outro assunto"
“Lembrei-me de minha augusta esposa Imperatriz também no vasto Império do Brasil e como a conheço com seu humor napolitano estaria a segurar os risos em certos momentos da conversa” “Minha Teresa é Imperatriz como “Sissi”, mas conversa por horas com qualquer intelectual como ninguém! “Teresa tem vertiginosa preguiça para assuntos como joias, roupas, maquiagens e Vossa Majestade acha disto um grande afrodisíaco em nossa longa união”
"Diário de Pedro II", disponível na Biblioteca Nacional RJ e no prédio anexo do acervo particular do Museu Imperial de Petrópolis RJ.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO.- Este texto confirma a longa e velha admiração que tenho por Dom Pedro II. .
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