sábado, 6 de novembro de 2021

OS IRMÃOS REBOUÇAS

e a solução da crise Hídrica da Capital do Império


Formados em Engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, os irmãos André Rebouças (1838-1898) e Antônio Rebouças Filho (1839-1874) foram contratados pelo Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Pública em 1870, para a resolução um grave problema: a persistente falta d’água para os 275.000 habitantes da corte imperial, que sentiam ainda os efeitos da seca de 1869.
"Dependendo ainda do antigo chafariz público do Largo da Carioca, a população do Rio de Janeiro sentia os efeitos dramáticos da seca. Isto porque a cidade, embora capital imperial, não investira num sistema moderno de captação de água através de novas metodologias da engenharia civil.
Em seu diário, que hoje faz parte do acervo do Instituto Geográfico e Histórico Brasileiro, André disse ao Imperador Dom Pedro II que ele e o irmão descobriram como resolver o problema em pouco tempo. O imperador argumentou para os irmãos que o estado deveria, então, oferecer água farta e gratuita para toda a população.
Os irmãos Rebouças, no entanto, ficaram contra essa proposta. “Combatemos também a falsa idéia, que tem o imperador, de dar água aos pobres gratuitamente nas fontes e lhe demonstramos que é muito mais liberal e higiênico dar aos pobres água em domicilio por um preço mínimo “, escrevia Rebouças em seu diário.
A comissão presidida pelos Rebouças teve sucesso em melhoras os poços existentes e na perfuração de novos e a construção da atual represa do Trapicheiro na Tijuca.
Durante as obras proprietários de terras procuraram André para se queixar das obras. Eles se mostraram céticos quanto ao resultado do projeto. Neste sentido, não iriam permitir que suas terras fossem perfuradas.
No entanto, contrariando os queixosos, o imperador deu ordens para que os Rebouças continuassem seu trabalho de tornar auto-suficiente o abastecimento de água da cidade.
Em 30 dias de trabalho, os irmãos Rebouças conseguiram tornar real uma das obras de grande impacto social do império: a ampliação de sistema de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro. Mencionando as críticas de recebeu da impressa, duvidando dos resultados das obras, André Rebouças anotou em seu diário: "Cometemos o grande crime de dar, em 30 dias, 2.400.000 litros diários de água ao Rio de Janeiro "
Os irmãos também propuseram ao imperador a criação de uma Companhia de Águas para dar uma administração moderna ao novo sistema de abastecimento de água na cidade. Porém a empresa não saiu do papel.
Três anos depois, André começou a escrever suas experiências com os burocratas e oligarcas do império. Ele definia o Brasil da época como o “país de apatia e de imobilidade”, devido à subserviência, ao subdesenvolvimento, ao analfabetismo dos funcionários públicos encarregados de tomar decisões cruciais para a nação." Fonte: O crime da água dos irmãos Rebouças. Carlos Eugênio Marcondes de Moura/SANTOS, Sydney M. G. dos. André Rebouças e seu tempo. Vozes, Rio de Janeiro: 1985.

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