O centro
histórico de Salvador é um ovo, uma bolha. Ou melhor: uma bola. Uma bola
empurrada sem vontade por uns e outros, ao sabor dos caprichos dos governantes
ou dos ventos do achismo. Soberbamente ignorada pela classe A e desprezada pela
classe média, é frequentada episodicamente pelo povão. Restam – Glória a Deus! - aqueles que recusam etiquetas. Artistas,
jornalistas, poetas, fotógrafos e outros sonhadores. Os transformadores de
civilizações.
Auditório Faculdade de Medicina II
Após uma reabilitação apressada nos anos 90, esvaziando os casarões de seus miseráveis ocupantes, a experiência provou que não bastava promover apresentações de MPB, nem sempre, aliás, de excelência. Muito se investiu nestes shows, pífio foi o resultado. Erros do passado...
Fera Palace Hotel
Eis que
nasce uma nova era. Empresas do Sul Maravilha a investir em peso na hotelaria e
restauração. Palácios, palacetes e até o convento do Carmo saem do ostracismo.
Da Praça Castro Alves ao Largo de Santo Antônio, começam a pipocar hotéis de
luxo. Abrem-se restaurantes para gourmets e comilões. Tem lojas de souvenires
para todos os bolsos, galerias de arte popular e joalherias. Tem museus e
igrejas barrocas, barzinhos e baianas de acarajé. Salas de cinema e teatros. E também
tem algo mais que a maioria ignorava: auditórios de vários tamanhos. O centro
histórico, finalmente, começa a ter vida própria. Só falta uma âncora.
Você,
leitor, ainda não chegou à evidente conclusão de que já temos aqui, todo
prontinho, um magnífico centro de convenções? Agora pergunto aos especialistas:
o que está faltando? Nada! O fato de não haver um mega-edifício com fachada
envidraçada de forma alguma impede de organizar seminários, simpósios e convenções.
Ordem Terceira de São Francisco
Imaginem por um instante umas centenas de profissionais – médicos, restauradores, arquitetos, editores, concessionários, publicitários ou competidores de xadrez – se hospedando em hotéis confortáveis e pousadas de charme sem ter que pegar taxi ou carro de aluguel para se deslocar até a sala de reunião? Podendo, depois dos discursos, análises, interações, projeções de documentários, gráficos e tabelas, e a poucos metros do hotel, relaxar, assistir a um espetáculo, fazer compras e desfrutar de uma excelente refeição, seja de comida baiana, vegana ou “nouvelle cuisine”?
Memorial Teixeira Leal
Tudo sem
pressa, andando pelas lindas ruas coloniais impregnadas de memória, tudo a
pouca distância da hospedagem e assim evitando contribuir para a poluição
ambiental.
Este é a
fatia de turismo que precisamos seduzir. Porque um centro de convenções longe
do burburinho saudável da cidade antiga, nunca poderia satisfazer todos os que
vêm de longe para descobrir a verdadeira Salvador. E tem mais: autogerido pelos
próprios investidores, longe das burocracias oficiais.
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