terça-feira, 2 de agosto de 2022

O OVO DE OURO DA GALINHA DE COLOMBO

 


Auditório da Faculdade de Medicina I

O centro histórico de Salvador é um ovo, uma bolha. Ou melhor: uma bola. Uma bola empurrada sem vontade por uns e outros, ao sabor dos caprichos dos governantes ou dos ventos do achismo. Soberbamente ignorada pela classe A e desprezada pela classe média, é frequentada episodicamente pelo povão. Restam – Glória a Deus!  -  aqueles que recusam etiquetas. Artistas, jornalistas, poetas, fotógrafos e outros sonhadores. Os transformadores de civilizações.

Auditório Faculdade de Medicina II

Após uma reabilitação apressada nos anos 90, esvaziando os casarões de seus miseráveis ocupantes, a experiência provou que não bastava promover apresentações de MPB, nem sempre, aliás, de excelência. Muito se investiu nestes shows, pífio foi o resultado. Erros do passado...

Fera Palace Hotel

Eis que nasce uma nova era. Empresas do Sul Maravilha a investir em peso na hotelaria e restauração. Palácios, palacetes e até o convento do Carmo saem do ostracismo. Da Praça Castro Alves ao Largo de Santo Antônio, começam a pipocar hotéis de luxo. Abrem-se restaurantes para gourmets e comilões. Tem lojas de souvenires para todos os bolsos, galerias de arte popular e joalherias. Tem museus e igrejas barrocas, barzinhos e baianas de acarajé. Salas de cinema e teatros. E também tem algo mais que a maioria ignorava: auditórios de vários tamanhos. O centro histórico, finalmente, começa a ter vida própria. Só falta uma âncora.


Cinema-Teatro do Senac Pelourinho

Você, leitor, ainda não chegou à evidente conclusão de que já temos aqui, todo prontinho, um magnífico centro de convenções? Agora pergunto aos especialistas: o que está faltando? Nada! O fato de não haver um mega-edifício com fachada envidraçada de forma alguma impede de organizar seminários, simpósios e convenções.

Ordem Terceira de São Francisco

Imaginem por um instante umas centenas de profissionais – médicos, restauradores, arquitetos, editores, concessionários, publicitários ou competidores de xadrez – se hospedando em hotéis confortáveis e pousadas de charme sem ter que pegar taxi ou carro de aluguel para se deslocar até a sala de reunião? Podendo, depois dos discursos, análises, interações, projeções de documentários, gráficos e tabelas, e a poucos metros do hotel, relaxar, assistir a um espetáculo, fazer compras e desfrutar de uma excelente refeição, seja de comida baiana, vegana ou “nouvelle cuisine”?

Memorial Teixeira Leal

Tudo sem pressa, andando pelas lindas ruas coloniais impregnadas de memória, tudo a pouca distância da hospedagem e assim evitando contribuir para a poluição ambiental.

Uma sala do Glauber Rocha

Este é a fatia de turismo que precisamos seduzir. Porque um centro de convenções longe do burburinho saudável da cidade antiga, nunca poderia satisfazer todos os que vêm de longe para descobrir a verdadeira Salvador. E tem mais: autogerido pelos próprios investidores, longe das burocracias oficiais.

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