Bispo Bruno Leonardo é citado em relatório por transação com alvo da PF
Religioso baiano tem mais de 50 milhões de seguidores no YouTube e já lotou o Parque de Exposições
Metrópoles
Publicado em 27 de março de 2025
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal citam em relatórios transações suspeitas entre a igreja Avivamento Mundial, do bispo Bruno Leonardo Santos Cerqueira, e uma empresa investigada por relação com o concierge da cúpula do Primeiro Comando da Capital, Wiilian Barile Agati
.O bispo Bruno Leonardo tem mais de 50 milhões de seguidores em sua conta no YouTube, o que o coloca como um dos maiores youtubers do país. No Instagram, o religioso tem 9,7 milhões de seguidores.
Ele é o responsável pela Igreja Batista Avivamento Mundial, sediada em Salvador (BA).
As informações sobre as transações estão em documentos da Operação Mafiusi, que mira Willian Barile Agati, apontado como uma espécie de faz-tudo da cúpula do PCC e integrante de um grupo envolvido no tráfico internacional de drogas. O bispo, no entanto, não aparece como investigado no caso.
gati e outras 13 pessoas já foram denunciados pelo esquema de tráfico internacional de drogas, mas ainda são investigados por lavagem de dinheiro proveniente do envio de cocaína para a Europa.

O empresário foi apelidado de concierge da cúpula do PCC por fornecer, segundo a PF, diversos serviços ao grupo criminoso. Entre eles, consta a logística para a exportação da droga e uma rede de empresa que seria utilizada para lavagem de dinheiro.
Várias dessas empresas são citadas pela PF e foram alvo de relatórios do Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) por causa de transações suspeitas.
Uma delas é a Starway Locação de Veículos. Segundo a PF, trata-se de uma empresa de fachada utilizada para lavagem de dinheiro do grupo criminoso.
Entre as transações suspeitas da empresa citadas pelo Coaf estão sete transferências da Igreja Batista Avivamento Mundial para a Starway no valor total de R$ 2,2 milhões.

“Em conformidade com os dados obtidos a partir do afastamento do sigilo bancário e fiscal, identificou-se que a Igreja realizou transferências para a Starway no valor total de R$ 2.225.000,00, sendo que as movimentações começaram em 6/8/2021, com um valor de R$ 635.000,00, e se encerraram em 5/4/2022”, diz a PF.
De acordo com os investigadores, muito embora as transações somem mais de R$ 2 milhões e tenham sido efetuadas ao longo de oito meses, entre 2021 e 2022, não foi localizada qualquer nota fiscal para justificar as transferências.
“Apesar desta expressiva quantidade de transações bancárias, não houve notas fiscais emitidas entre os envolvidos, ratificando o caráter de fachada da Starway Locação”, diz a PF.
A Starway é investigada na Operação Mafiusi e foi alvo de busca e apreensão por causa das suspeitas de lavagem de dinheiro.
Defesa
A coluna fez contato com a defesa de Bruno Leonardo desde a segunda-feira (24/3). Em um primeiro momento, o advogado do bispo disse que as transações estão relacionadas à compra de veículos com notas fiscais registradas e que encaminharia uma posição oficial sobre o tema.
O advogado, no entanto, não enviou posteriormente a posição oficial da defesa do bispo.
Após a publicação da reportagem, o bispo publicou um vídeo em que afirma que a Igreja comprou automóveis da empresa em 2021 e que as notas existem. Ele afirma ainda estar sendo perseguido.
Ele ainda fez um paralelo do caso da compra de veículos com uma doação que fez ao Rio Grande do Sul em 2024.
“Ano passado, nós compramos R$ 2 milhões de alimentos para enviar ao Rio Grande do Sul. Eu também não conheço os donos da loja. A nossa equipe foi, olhou, comprou e nós enviamos. Se daqui a alguns anos, essa distribuidora estiver com algum envolvimento com coisas ilícitas, nós também estamos envolvidos porque somos clientes?”, questionou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário