Pensava
aproveitar este espaço para falar do monte de coisas maravilhosas que nos
aguardam em 2019, mas como ficar silencioso frente à permanente omissão do
Estado e da prefeitura em tudo o que se refere ao centro histórico de Salvador?
Não, as poucas obras pontuais realizadas lá e cá, sem plano diretor, não me
convencem. É mais palco para briguinhas entre poderes.
Para
focalizar somente um órgão, mais uma vez me vejo obrigado a denunciar a Coelba.
Além, de nunca ter retirado os contadores das fachadas do bairro de Santo
Antônio, mesmo quando agridem azulejos antigos, a fiação continua uma
vergonhosa macarronada que os turistas fotografam ironizando.
E não só. Com
o conjunto de salas de cinema do Glauber Rocha, os dois teatros da Fundação
Gregório de Matos e os recém-inaugurados hotéis de luxo Fera Palace e Fasano, a
Praça Castro Alves hoje pode ser considerada como o prestigioso portão de
entrada do centro histórico. Mas continua, assim como a rua Chile toda, com o
passeio “ornamentado” por postes que são uma verdadeira agressão visual ao
patrimônio da UNESCO. Lembro de uma cerimônia no Glauber Rocha para celebrar a
decisão de Rui Costa de recuperar os passeios do centro histórico. Espetáculo
medieval de bajulação ao governador por parte de sua corte ajoelhada, precedido
pelos desafinados Tambores de Jesus. Três anos depois, os passeios pouco ou
nada melhoraram.
Na Rua
Direita de Santo Antônio, 306, casa recentemente reformada, a Coelba anuncia 60
dias de espera para fazer a ligação. Inquilinos na escuridão, sem geladeira nem
ventiladores durante o Natal e o Réveillon, qual é o problema?
Pior
aconteceu na Fazenda Liberdade, no município de Jussari, onde duas toneladas de
queijos – mozzarella de búfala, bolinhas, burratas, minas frescal, queijo
coalho, provolone e ricota – foram incineradas após onze dias sem energia! “O desrespeito da Coelba, que (...) trata com
indiferença e desdém os seus clientes, que não arca com as suas responsabilidades
porque se ampara num sistema judiciário conivente pela sua lentidão e que
oferece inúmeros recursos para que a mesma continue tranquila e confortável
agindo irresponsavelmente (...), por não ter concorrentes e poder agir
livremente sem nenhuma preocupação pois não precisa responder por seus atos.(...) São 10 famílias que
vão ter que se esforçar para não esquecer o verdadeiro sentido de Natal! ” desabafa Maya Barros, administradora da
fazenda. E o aeroporto que ficou impedido de funcionar durante mais de 20
minutos? Roubo de cabos em pleno dia? Você acredita?
O contribuinte pagou este ano mais de 3 trilhões de reais em
impostos. Qual a parte que nos cabe neste latifúndio de privilégios e omissões?
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde
sábado 29 de dezembro de 2019
Excelente reflexão...e parabéns por não calar diante do descaso das instituições, e das autoridades para com o Centro Histórico de Salvador...
ResponderExcluirAté quando Catilina abusará da nossa paciência?
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