"Os documentários que eu vinha fazendo até então tratavam de desordem, de violência e de desagregação.
Tive vontade de filmar o contrário daquilo e Nelson foi o caminho.
Ele encarnava valores de um humanismo essencial a todo projeto de civilização decente — a transmissão da beleza, o imperativo moral do trabalho bem feito, a recusa de toda vulgaridade e espalhafato.
Um presidente que tira a máscara de um bebê e força uma criança a fazer uma arma com as mãos é uma imagem verdadeira e poderosa do país.
Mas não é a única.
Nelson Freire, o pianista, não o filme, representava e representa — nos discos, nos registros dos concertos, na vida discreta que levou — uma outra face do Brasil, o lado capaz de nos salvar.
Seu talento não está ao alcance de maioria de nós, mas a decência, sim.”
JOÃO MOREIRA SALLES
Alma brasileira
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