Salvador faz aniversário dois dias depois do Dia do Teatro. Já houve época em que no mês de aniversário da cidade fez-se uma programação diversa, com pequenas temporadas teatrais, além de outras linguagens, como um mês comemorativo.
Mas voltamos a ser um balneário de mega-eventos e arte cotidiana zero, com espaços fechados da prefeitura, ou com uso perto do zero, como o Teatro Gregório de Mattos e a Barroquinha. E o gestor da FGM querendo carnaval o ano todo.
É muito triste viver numa cidade que não se pensa como cidade, mas como um parque temático, ou grande galpão de eventos.
A melhor cidade para o turista é a que é melhor para o cidadão comum. Viver culturalmente de evento é um erro. Precisamos de uma arte cotidiana, ininterrupta, pulsante e diversa. Temporadas longas. Visibilidade. Investimento na criação local e continuada.
Há um período do ano em que as baleias ocupa
m nossas costas. Por algumas semanas, as pessoas registram esguichos, mergulhos, até passeios de barco pra ver baleias gigantes, enormes, vistosas de perto.
Mas as pessoas não vão à praia o ano todo em busca de baleias. De coisas gigantes, enormes, vistosas.
Para que se cultive um maior desejo e consumo por arte, é preciso que se cultivem as manifestações artísticas como uma praia, onde se vai coditianamente, e não como quem busca baleias no mar por algumas poucas semanas, e o resto do ano fica a ver navios.
Gil Vicente Tavares
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