Pode parecer monomania minha, mas não é, acreditem. Desde fevereiro de 2020, o bairro de Santo Antônio convive com as trapalhadas da Conder sem que governante algum tome uma decisão drástica exigindo mais respeito ao patrimônio artístico, cultural e histórico da primeira capital do Brasil e impedindo a sangria aos cofres públicos.
A
reabilitação da parte mais vistosa do bairro, executada sem qualquer critério,
levou quase três anos com colossal investimento financeiro. E ainda não
terminou. Como é fácil gastar o dinheiro dos outros! E para que resultado? Quem
se contenta em passar os olhos pela rua Direita achará lindo. Mas a maquiagem
não engana profissional nenhum, seja arquiteto, restaurador ou historiador. A
pintura das fachadas com tinta acrílica para piso é abominável – não entendo a
omissão do IPHAN no caso - as pedras a
portuguesa colocadas de qualquer jeito competem com uma miscelânea de placas de
concreto, granito e ferro fundido. Não houve a lógica inserção dos canos de água
de chuva das fachadas. O nível dos
passeios subiu em certas partes uns bons 20 centímetros, o projeto
paisagístico ficou a critério dos moradores e a iluminação dos lampiões
colocados ao deus dará é obviamente insuficiente.
Quanto à
centenária escada da igreja do Boqueirão, vandalizada na quinta-feira 10 de
maio de 2022 a marteladas pelos capengas da estatal com a conivência do IPHAN
sob o olhar estupefato da comunidade, até hoje exibe suas feridas. Mais uma
agressão cujas consequências não parecem incomodar ninguém do governo, mas desagrada,
e muito, moradores e comerciantes do bairro de Santo Antônio.
Nesta lista,
longe de exaustiva, impossível seria omitir a violência contra a encosta, como
já denunciado pela CODESAL, sob pretexto de consolidar uma área classificada
“non aedificandi” pelo município. Em vez destas ofensivas chapas de concreto,
estreitas terraças, aquilo que os profissionais definem como contenção
escalonada, não teriam sido mais harmoniosas e adequadas, ao manter a vegetação
nativa?
Em outubro
passado, sem avisar a comunidade, a estatal resolveu derrubar alguns casebres
construídos nos fundos das casas da Rua Direita. O problema é que choveu forte
em novembro e dezembro e parte da encosta começou a escorregar, em particular
perto da Igreja do Boqueirão. Boa parte da laje do restaurante Zanzibar,
construída pela própria Conder em 1991, desabou. A estatal sabe perfeitamente o
acontecido, mas até a presente data, véspera das chuvas torrenciais do outono
baiano, não se observa o mínimo movimento de prevenção ao drama anunciado.
Até quando
seremos obrigados a conviver com tanta leviandade? .... Ou será que existe alguma
conveniência político/econômica em manter o status quo?
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