sexta-feira, 22 de julho de 2022

14 DE JULHO DE 1789

 

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14 de julho de 1789 foi mais um dia comum em Versalhes. Nobres e cortesãos passeavam pelas longas galerias do palácio, enquanto os representantes do povo conferenciavam na antiga quadra de tênis, transformada em Assembleia Nacional. A rainha Maria Antonieta permanecia ocupada com seus assuntos particulares, enquanto o rei Luís XVI praticava seu esporte favorito, a caçada. Parece que os resultados não foram muito bons para o monarca, pois mais tarde ele anotou rien (nada) no seu Journal, em referência à caça mal sucedida. No final da noite, terminada a cerimônia de deitar, Luís pôde finalmente dormir. Porém, na madrugada seguinte, ouviu-se no quarto do rei uma inquietação, vinda diretamente das antecâmaras. Sem qualquer permissão, o duque de Liancourt, nobre com tendências liberais, invadiu os aposentos de Luís XVI para lhe entregar uma preocupante notícia: uma multidão furiosa havia invadido a fortaleza da Bastilha em busca de armamento e pólvora. Sem compreender direito a intensidade da mensagem, talvez por estar ainda sonolento, o rei simplesmente perguntou: “é uma revolta? ”. A resposta de Liancourt foi mais do que imediata: “Não, Senhor. É uma revolução!”.

Embora Luís certamente desconsiderasse o peso real daquelas palavras naquele momento, foi assim que a monarquia francesa, personificada na figura do rei, tomou conhecimento do seu iminente fim. Horas antes, em Paris, uma multidão enfurecida havia tomado de assalto o Hôtel des Invalides e se apoderado dos mosquetes que ali estavam guardados. Faltava apenas uma coisa: a pólvora, que poderia ser encontrada numa antiga fortaleza medieval, prisão lendária por ser considerada um antro de tortura e mortes indizíveis, e que era vista um símbolo do poder absolutista do rei da França. Com a Bastilha tomada e aos poucos demolida, o povo de Paris deixava uma mensagem clara aos seus soberanos. Não era apenas aquela fortaleza, que por tantos anos atemorizou a população, que eles pretendiam derrubar, mas todos o sistema de privilégios feudais do antigo regime. Era o início da maior revolução da história ocidental.

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