terça-feira, 26 de julho de 2022

O CONSERVATÓRIO DO LITORAL

 Há 35 anos, o “Conservatoire du Littoral” (Conservatório do Litoral) administra, protege e valoriza as localidades litorâneas mais incríveis e ameaçadas do território francês metropolitano e departamentos ultramarinos. 

Embocadura do Oiapoque

Os peritos desse importante estabelecimento público francês atuam também no exterior , muitas vezes através de parcerias com autoridades locais. É graças à intervenção do “Conservatoire du Littoral”  que podemos aproveitar as centenas de quilômetros de praias selvagens e vias costeiras preservadas. 

Da ponta do Raz, na Bretanha até a Córsega, em toda a costa da França, o “Conservatoire du Littoral”, há 35 anos, adquire terrenos no intuito de diminuir o avanço da urbanização. 

Esse importante órgão público francês é proprietário de 80 000 hectares e estende sua proteção jurídica a 138.000 hectares repartidos em 1.200 quilômetros de costa. 

Outro componente da atividade do “Conservatoire du Littoral” está em pleno desenvolvimento: o Departamento Ultramarino. Projetos visando à proteção e valorização de locais estão sendo empreendidos há vinte anos nos quatro departamentos ultramarinos e na ilha de Mayotte. 

A manutenção de uma representação local do “Conservatoire du Littoral” foi confirmada este ano, em cada uma das oito regiões ultralmarinas em questão. “Para a região do Caribe, a União Europeia oferece uma ajuda financeira”, afirma Marc Duncombe, assessor de Departamentos Ultramarinos. 

“Existe uma parceria entre a Guiana Francesa e instituições brasileiras. Na foz do rio Oiapoque, por exemplo, estamos preparando um manejo coordenado das áreas brasileiras e da Guiana Francesa, com ações de monitoramento científico, vigilância, formação e um componente dedicado ao patrimônio cultural”. 

Os territórios franceses das Antilhas, do arquipélogo de São Martinho, São Bartolomeu, São Pedro e Miquelão, Maiote e da Réunion apresentam uma biodiversidade exepcional: comunidades de corais, manguezais, florestas secas... “Nessas regiões de muitos contrastes, fazemos intervenções específicas de acordo com as peculiaridades legais, paisagísticos e ambientais”, explica Marc Duncombe. No Pacífico, na Polinésia Francesa, também está sendo estudado um programa ambicioso de restauração dos ecossistemas e de reconquista dos espaços naturais e dos acessos ao mar e à lagoa."

O “Conservatoire du Littoral”atua também no exterior, mas a pedido dos países que desejarem se dotar de meios de proteção. Mas nesse caso, é muito importante inteirar-se da situação local e procurar um consenso. “Devemos incorporar as populações locais a nossas ideias e provar, a elas, que nossas ações são eficientes e economicamente rentáveis! Nossa força de persuasão nos permite ganhar o apoio até dos mais relutantes”, sorri Fabrice Bernard, assessor de Assuntos Internacionais. 

 Vários países do Mediterrâneo engajaram-se numa parceria com o “Conservatoire du Littoral”. 

Em 1994, a Tunísia criou uma agência de proteção e organização do litoral. “Trabalhamos em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente tunisiano na redação de textos legislativos, na escolha de um estatuto, à procura de financiamentos. Os projetos pilotos se sucederam: preservação de zonas costeiras úmidas, contagem dos peixes de uma ilha antes da implantação de medidas de proteção... Tratando-se de políticas de longo prazo, essa relação é muito interessante”, observa Fabrice Bernard. 

Em 2002, a Argélia criou também um “Commissariat national du littoral” (Comissariado Nacional do Litoral), com o apoio do “Conservatoire du Littoral”. 

Com o “Haut-Commissariat des Eaux et Forêts du Maroc” (Alto Comissariado das Águas e Florestas do Marrocos), os peritos franceses realizam um trabalho de acompanhamento da população de pássaros raros que resultou num plano de manejo da área. 

Com o governo libanês, os responsáveis pelo Conservatório tentam otimizar a administração de instituições públicas. Existe um aspecto técnico nessa cooperação, no Parque do Kouf, onde existe uma preocupação quanto à biodiversidade e às ações que deverão ser empreendidas em matéria de preservação. 


Além disso, um projeto está sendo elaborado sobre a Ilha de Socotra, no Iêmen, com o apoio do “Fonds Français pour l’Environnement mondial –FFEM”, (Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial). Atualmente, as ilhas são a grande preocupação do “Conservatoire du Littoral”  que, juntamente com os países mediterrâneos e a cidade de Marselha, trabalha sobre as 15.000 pequenas ilhas do Mediterrâneo. Administradores e técnicos científicos de todos os setores empreendem no local ações concretas. 

Para uma contagem homologada, uma equipe composta por pesquisadores espanhóis, tunisianos, libaneses, marroquinos e franceses acaba também de descobrir que uma ilha tunisiana abrigava 95% da população de uma espécie rara de pássaros! “São mundos esquecidos com paisagens e espécies que não se acham em nenhum outro lugar”, afirma Fabrice Bernard. 

Sylvie Thomas



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