quarta-feira, 20 de julho de 2022

O VIOLÃO DA REBECA

Aluna de escola de música da Ufba conquista 1º lugar em concurso internacional de violão

Rebeca Lorenzi começou a tocar o instrumento aos 6 anos de idade

Antes de conseguir tocar um violão, Rebeca Lorenzi da Silva já era capaz de compreender o ritmo que emanava das cordas do instrumento. Anos depois, o encanto revelou o talento guardado. Aos 14 anos, a jovem venceu o II Concurso Internacional Violão & Violão, entre violonistas portugueses e brasileiros.

(Foto: Paula Fróes/CORREIO)

Na apresentação que lhe garantiu a vitória no nível II, para competidores até 14 anos, Rebeca apresentou o Prelúdio 5, de Villa Lobos, e o Capricho Árabe, de Francisco Tárrega. A competição exigia uma prova única com duas peças contrastantes de no máximo 10 minutos. 

“Os [concursos] internacionais são sempre algo novo, porque são países diferentes, com pessoas diferentes. É uma dedicação maior. Quando escolhi as músicas, foi porque uma eu já tinha tocado em outra competição e o Prelúdio 5 comecei a estudar antes do concurso. São duas peças complicadas, mas que me tocam muito. Quando estou tocando, tento passar emoção, para fazer com que as pessoas sintam a mesma coisa que senti”, detalha.

O prêmio não veio à toa. A musicista é uma estudante dedicada. A sua rotina inclui três horas diárias de atenção ao violão, além dos momentos de pesquisa e da busca por inspiração em violonistas ao redor do mundo. O professor que acompanha sua trajetória na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (EMUS), Felipe Rebouças, a descreve como proativa e detalhista. Já ela, pensa que ainda há um caminho longo de dedicação para percorrer.

(Foto: Paula Fróes/CORREIO)





“Eu não pensei que fosse ganhar o primeiro lugar, mas quanto mais a gente vai crescendo, mais vai tendo que se igualar aos outros competidores. Agora estou no de 14 anos, mas daqui a pouco vou estar no de 18. Então não posso ficar assim: ‘ah, eu sou a melhor. Fiquei em primeiro lugar e vai ser assim para sempre’. Não pode ser assim, sempre penso o pior, mas me preparo para o melhor”, diz Rebeca.

Apesar da pouca idade, esta é a sétima premiação que ela ganha. A paulista, que vive em Salvador desde os 5 anos, já acumula em seu currículo quatro vitórias em concursos internacionais e três em concursos nacionais. Tudo começou quando Rebeca ainda era gerada na barriga da sua mãe, Jezabel Cunha Lorenzi, e já frequentava rodas de samba. Seu pai, Márcio Santos da Silva, tocava violão para ela. Foi principalmente dele que herdou o gosto pela música.

“Segundo meus pais, eu amava cantar e tocar desde antes de conseguir falar uma única palavra. Íamos para as noitadas. Meu tamanho era tão pequeno que eu cabia em uma capa de violão. Painho costuma dizer: ‘você ia com a gente para as rodas e pegava qualquer instrumento, começava a tocar e se sentia parte daquilo que se formava ali”, conta Rebeca.

(Foto: Paula Fróes)

Márcio é educador musical e um dos fundadores do projeto social Oficina Brasil, que era sediado em Pau da Lima, em Salvador, onde a jovem mora. Rebeca começou a frequentar o local e participar das aulas de violão. Aos 6 anos, ela começou a tocar o instrumento e não parou mais. Dois anos depois, foi aceita como aluna do Curso de Extensão da Escola de Música da Ufba, onde estuda até hoje. Desde março deste ano, ela também integra o grupo da Camerata de Violões do Neojiba.

“Ela sempre demonstrou interesse na música, e quando decidiu que era o queria, Rebeca não parou de se dedicar nem um minuto. Ela sai, se diverte, curte a vida, mas nunca deixa de estudar a música pelo menos seis horas por dia. Quando tem competição, é ainda mais dedicada. Me orgulho muito dela”, declara o pai.

Quando questionada sobre onde pretende chegar através da música, Rebeca afirma que planeja estudar para fazer um intercâmbio, realizar a graduação em música na Ufba e depois concluir outra formação no exterior, para seguir carreira de musicista profissional. Até lá, seguirá competindo e realizando o ritual que sempre faz antes de cada apresentação.



“Fecho os olhos e penso assim: ‘agora só tem eu e o meu violão’. Nada mais no mundo importa, mesmo que alguém faça barulho ou que alguma coisa tente tirar a minha concentração, só existe eu e ele, e quero passar essa emoção para quem está me ouvindo”.  

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela 
 

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