NADA A PERDER!
FOI AOS OITO ANOS DE IDADE que o empresário Michel Pierre de Souza Cintra pisou pela primeira vez em um culto da Igreja Universal do Reino de Deus, levado pela mãe. Inspirado pelo discurso religioso de prosperidade, Cintra construiu um império do comércio eletrônico – chegou a ter 12 empresas –, mas afundou do mesmo jeito que emergiu.
Aos 40 anos de idade, ele está na Penitenciária de Tremembé, no interior paulista, onde cumpre sentença a mais de 70 anos de prisão por estelionato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, crimes contra as relações de consumo e associação criminosa. Sua mulher, Viviane Boffi Emílio, também cumpre pena de quase 68 anos de reclusão em uma das duas penitenciárias femininas da cidade. De dentro da cadeia, onde está desde 2016, Cintra disse ao Intercept que, sozinho, doou mais de R$ 20 milhões à igreja desde 2005.
A denúncia do Ministério Público de São Paulo e a sentença do juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, comprovam que Cintra doou à Universal pelo menos oito veículos – alguns de luxo, de marcas como BMW, Audi e Land Rover –, além de R$ 2 milhões. Ao Intercept, no entanto, o empresário revelou que outras doações em dinheiro não teriam sido detectadas pela justiça. Segundo ele, os carros doados eram vendidos em lote para concessionárias, que depois devolviam parte do valor em espécie para a Universal – no que ele afirma ser um esquema de lavagem de dinheiro.
Cintra, por meio de seus advogados, move contra a Igreja Universal desde outubro do ano passado uma ação anulatória de doação e indenizatória por danos morais e materiais no valor de R$ 22 milhões. Ele alega que a instituição religiosa teria se valido “de seu veio empreendedor de abrir empresas, inclusive utilizando de terceiros”, para arrecadar dinheiro e fazer as doações.
O Ministério Público chegou a abrir um inquérito para investigar o envolvimento da Universal. Citando trecho da sentença, o requerimento menciona “doações vultuosas de dinheiro em espécie para a Igreja Universal do Reino de Deus”, além dos veículos. A investigação, no entanto, foi arquivada no ano passado.
Procurada, a Igreja Universal do Reino de Deus não se manifestou.
MAIS:
O maior cinismo dessa gente inescrupulosa é que usa e abusa do nome de Jesus Cristo com a finalidade única de fazer fortuna. São experts em lavagem de dinheiro.
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