Sempre me indignou o pouco espaço que os compositores tiveram na mídia. Afinal, o que seriam das canções se não fossem eles? Sem um determinado intérprete, a música até poderia ser cantada por outro, talvez sem a mesma qualidade. Mas existiria, né? Se fosse gravada por outro, quem sabe, até fosse melhor que a versão que conhecemos...
Sempre me indignou o pouco espaço que os compositores tiveram na mídia. Afinal, o que seriam das canções se não fossem eles? Sem um determinado intéprete, a música até poderia ser cantada por outro, talvez sem a mesma qualidade. Mas existiria, né? Se fosse gravada por outro, quem sabe, até fosse melhor que a versão que conhecemos...
Mas sem o compositor, uma determinada canção simplesmente não existiria. E um dos compositores que sempre tive curiosidade de conhecer é o cearense o Fausto Nilo, velho parceiro de Pepeu Gomes, Moraes e Fagner.
Ele é o letrista de músicas inesquecíveis - ou clássicos? - como Eu Também Quero Beijar (cantada por Pepeu), Cartaz (Fagner) e Bloco do Prazer (Moraes), que marcaram os anos 80 e envelheceram muito bem.
Além disso, deu letra também a duas das melhores músicas de abertura de novelas que conheço: Santa Fé, de Roque Santeiro, gravada por Moraes (Deus e o Diabo na Terra/ Sem guarda-chuva, sem bandeira, bem ou mal...), e Pedras que Cantam, de Pedra Sobre Pedra, muito bem gravada por Fagner. Um retrato da perversa desigualdade econômica e social: "Quem é rico mora na praia/ Mas quem trabalha nem tem onde morar/ Quem não chora dorme com fome/ Mas quem tem nome joga prata no ar".
E, claro, Fausto é o autor dos versos mais indecifráveis da música brasileira, no clássico Zanzibar, que, se tivesse uma letra mais compreensível, talvez não tivesse a mesma graça. "Ás de maracatu/ No azul de Zanzibar/ Ali meu coração/ Zumbiu no gozo dela/ Ai mina aperta a minha mão/ Alá meu "only you"/ No azul da estrela...". E, por falar em versos nonsense que se encaixam perfeitamente numa música, o que dizer de O Elefante, que Fausto criou com Robertinho de Recife? "Será difícil alguém pronunciar/ A melodia que essa letra dá/Na fala dela, linda é Aliá/ Na fala dela, linda é Aliá".
Tem uma entrevista muito bacana com Fausto no canal Corredor 5, no YouTube, conduzida por Clemente Magalhães, que costuma receber convidados bem bacanas.
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