segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

QUEM FOI ROSA RAMALHO?

 

Quem foi Rosa Ramalho, a mais célebre ceramista portuguesa?



Rosa Barbosa Lopes nasceu no lugar da Cova, na freguesia de São Martinho de Galegos, no concelho de Barcelos, no dia 14 de agosto de 1888. Ficaria conhecida, no meio, como Rosa Ramalho, que se referia a um episódio em que a sua avó recomendava ao seu filho ficar “à sombra dos ramalhos” — isto é, à sombra de umas árvores. Foi filha de um sapateiro e de uma tecedeira e, como era costume naquela altura, numa pequena terra do Minho, casou-se cedo, aos 18 anos, e teve oito filhos (três morreriam à nascença). As suas obrigações familiares fizeram-na interromper os seus dotes oleiros, que começou a desenvolver ainda antes de casar, e juntou-se ao seu marido nas lides do trabalho braçal e na distribuição de fornadas de milho, enquanto cuidava dos seus filhos e, depois, dos netos. Ganhou-os quando, para amealhar algum dinheiro, ia para casa de uma vizinha que modelava algumas figuras, na sequência das suas atividades domésticas e domiciliárias. Inicialmente, para tecer tiras de cestas, mas depois para, por olho e por hábito, aprender a fazer essas tais figuras, recorrendo a barro por cozer (ou chacota) com tintas não-cerâmicas, a partir da terra que tinha à disposição.




Quatro obras de Rosa Ramalho da coleção do Solar Santo Antônio


Só quando enviuvou de António Mota, moleiro de profissão, e com 68 anos, trajada de preto, é que voltou a pegar nesse ofício a sério (divertia os seus filhos e netos com aquilo ainda antes do seu marido falecer, todavia) e a construir um repertório que se tornou verdadeiramente de destaque. Inicialmente, era para arrecadar algum dinheiro, com o genuíno objetivo da subsistência, mas depois foi o afirmar de uma paixão, onde dava largas ao seu grande imaginário. Figuras com grandes contornos dramáticos e fantasiosos, provenientes de uma imaginação fértil e repleta de mitologias locais. A sua celebrização chegou com a sua descoberta por parte António Quadros, pintor de Viseu, que as divulgou e as criticou, tornando-as acessíveis a um maior número de gente, tanto portuguesa como estrangeira. Regionalmente, nas feiras e nas romarias a que ia, vendia bastantes das suas estatuetas, em especial no Porto, na sua feira de São João das Fontainhas, onde, precisamente, havia sido descoberta por Quadros, então estudante na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. “Ti Rosa”, como também era tratada, tornou-se, assim, alguém famosa, mesmo num meio tão pequeno e rural, o que é raro para uma mulher se poder assumir, dadas as conveniências sociais existentes, embora fossem, por vezes, olhadas de lado, dado o caráter profano das peças no seio de comunidades tão ligadas ao divino.

MAIS:

https://www.comunidadeculturaearte.com/quem-foi-rosa-ramalho-a-mais-celebre-ceramista-portuguesa/



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