sábado, 19 de dezembro de 2020

AS ESTATAIS DESASTRADAS

 

2020 foi um ano para riscar de nossa memória. Não só pela praga que nos veio do oriente com nomenclatura variada – alguém me explica as sutilezas entre Coronavírus, Novo Coronavírus e Covid-19? – mas pela flagrante incompetência da Conder e da Embasa no tocante ao antigo e nobre bairro de Santo Antônio, pretensamente patrimônio mundial.

Costumava pagar mensalmente um gasto de água (e esgoto!) entre R$50 e R$80. De repente deu a louca, subindo para estratosféricas contas ultrapassando qualquer raciocínio cartesiano., de 500 para cima. Em nada adiantou ligar, escrever e reclamar. Tá marcado no contador, tem que pagar!

Foi quando um amigo sugeriu colocar um filtro para eliminar o ar na tubulação. De dia para outro, a conta despencou. Tenho a nota da compra do aparelho e fotos comprovando a colocação. Não devo ser a única vítima da Embasa a pagar pelo ar que nem respirei. Será que a estatal nada sabe do problema ou se faz de boba?


Outro descaso: na esquina das ruas dos Ossos e dos Adobes, um esgoto estourou em janeiro. A Embasa foi notificada, a televisão documentou, os jornais denunciaram... Nove meses depois o fedor e a poluição ambiental permanecem, a cada dia um pouco pior. E o contribuinte pagando uma fábula só para tratar dos esgotos! A omissão da Embasa chega a ser criminosa pelos riscos à saúde da comunidade do Santo Antônio.

A Conder é outra que, historicamente, trabalha mal sem que o governador tome qualquer providência apesar de, vez ou outra, anunciar o fim da estatal. O que aconteceu durante quase um ano inteiro na Rua Direita de Santo Antônio e Ladeira do Boqueirão é simplesmente escandaloso. Desde já, o projeto é de uma mediocridade deprimente. Responsabilidade de algum(a) arquiteto(a) sem qualquer talento. Porque não se chamou Nivaldo Andrade, Neilton Dórea, Naia Alban ou o premiado Adriano Mascarenhas? O Patrimônio da Humanidade não merece investir em excelência?


Quanto a execução lenta, desorganizada, bagunçada, “fiscalizada” por jovens de boa vontade, mas totalmente inexperientes, a comunidade inteira sofreu durante a maior parte do verão, o outono, o inverno, a primavera e entramos para o segundo verão com lama, poeira, barulheira e prejuízos tanto para a saúde como para nosso bolso. A única vantagem foi de termos oportunidade única de saborear as áleas da Transamazônica sem sair da cidade.

Não seria bom deixarmos de megalomanias – novo estádio com nome de cerveja, ponte chinesa que vai endividar a Bahia por décadas etc – e resolver problemas imediatos e corriqueiros na cultura, esportes, patrimônio e memória? E na educação? Em vez de abrir escolas, nosso Governo de Estado fecha-as!

Mas se nem Centro de Convenções em seis anos o Estado foi capaz de construir, talvez, a final, as estatais não sejam tão culpadas...

                                                                                       Dimitri Ganzelevitch                                                                              Salvador 19 de dezembro 2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário