domingo, 7 de agosto de 2022

ALEGRIA, ALEGRIA!


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Neste artigo vamos contar a história da canção Alegria Alegria, de Caetano Veloso. Certamente uma das músicas mais emblemáticas do repertório do cantor e compositor baiano.
….. canção ganhou seu nome em alusão ao bordão criado por Wilson Simonal e depois usado por Chacrinha: Alegria Alegria. Caetano criou um sujeito que caminhava pelas ruas da cidade, livre, leve e solto, entretanto, ele já deixa claro que estava contra o vento.
Parado diante de uma banca de revistas ele passa a enumerar o que vê. Faz referências à cultura mundial, citando as atrizes Brigite Bardot e Claudia Cardinale, além de mencionar espaçonaves, guerrilhas etc. Em constante movimento, o sujeito da canção por vezes apenas contempla o mundo a sua volta e segue em frente. E é possível acompanhá-lo nesta jornada através das imagens que Caetano sugere. Finalmente, ele ainda bebe uma Coca-Cola pra matar a sede, e ansioso por seguir vivendo sua liberdade, afirma: “Eu vou, por que não?”
Cabe frisar que a Coca-Cola era o símbolo maior do imperialismo norte-americano. Caetano estava mais alfinetando parte da esquerda do que os militares. Eram tempos de muito radicalismo ideológico e isso incomodava o artista.


Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou
Eu tomo uma Coca-Cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?

Resultado da Participação
Alegria Alegria terminou em quarto lugar no Festival, atrás de Arrastão, de Edu Lobo e Capinam; Domingo no Parque, de Gil e Roda Viva, de Chico Buarque. Mas a verdade é que deu tudo certo para Caetano. O risco era altíssimo, vejamos:
Ele compôs uma marchinha meio que parodiando uma música aclamada de Chico Buarque.
Chamou roqueiros para subir no palco e tocar com ele em um festival de música brasileira, que demonizava o “iê iê iê”.
Seu personagem bebe uma Coca-Cola, e sua namorada, aparentemente alienada, está pensando em casamento, enquanto ele próprio pensa em tocar na televisão!
Obviamente que na primeira apresentação ele entrou tenso e sem saber como a plateia reagiria a tal acinte. Mas Alegria Alegria é realmente genial e arrebatadora, assim como seu criador. E por isso, na finalíssima, já é possível ver um jovem confiante e cantando num largo sorriso. Sucesso absoluto! Alegria Alegria é, para muitos, “A” música de Caetano Veloso.
Alegria Alegria seria lançada em disco no ano seguinte, no primeiro LP solo do cantor e pode-se dizer que essa é sua versão definitiva.

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