sábado, 2 de julho de 2022

O AMIGÃO

 O AMIGO DE ACM NETO E A ORLA DE SALVADOR

Diego Escosteguy
Publicada em 30/06/2022 às 06:00
Foto: Futura Press/Folhapress

Na Prefeitura de Salvador, não tem conversa: se a BSM, construtora de um amigo de infância de ACM Neto, estiver na concorrência, é melhor desistir. A empresa de Lucas Cardoso, apontado pela Odebrecht como operador de propinas do candidato ao governo da Bahia, é imbatível. Não perde um contrato na gestão do amigo.

O fenômeno BSM esteve presente, por exemplo, numa concorrência para revitalizar uma das orlas da capital baiana. Em 2019, a construtora, formando um consórcio com uma empresa amiga, venceu a licitação de 39 milhões de reais. Das nove concorrentes da empresa de Lucas Cardoso, sete foram prontamente inabilitadas. 

A Prefeitura afirmou que elas não tinham experiência com obras em encostas. A empresa de Lucas Cardoso, que até então ninguém sabia ser de Lucas Cardoso, fechou o contratão. E fechou o contratão (detalhes abaixo) mesmo apresentando o nono preço mais caro.


Não por acaso, a licitação foi promovida pela Secretaria de Infraestrutura de Salvador, então chefiada por Bruno Reis - à época, vice-prefeito de ACM Neto e, hoje, sucessor dele no comando do município.

Após sucessivos aditivos, a BSM faturou cerca de 48 milhões de reais com a obra.

Como o Bastidor revelou, a presença de Lucas Cardoso na BSM era segredo. Não à tôa. A empresa faturou, por baixo, 270 milhões de reais na gestão de ACM Neto - seguiu ganhando dinheiro público mesmo após as delações da Odebrecht, que descortinaram a participação de Lucas Cardoso na coleta de propina do então prefeito.

Hoje, o nome de Lucas Cardoso causa apreensão na campanha de ACM Neto. Ele não está descansando na orla. Participa da cooptação de aliados para a candidatura do amigo.

O quilômetro mais caro de Salvador

Publicada em 30/06/2022 às 11:00
Imagem divulgada pela prefeitura de Salvador para mostrar como ficará a obra depois de finalizada. Foto: Prefeitura de Salvador

Uma licitação de 2019 em Salvador está sob o radar do Ministério Público baiano porque poucas candidatas conseguiram, de fato, disputar o certame. Naquele ano, a prefeitura de Salvador, liderada por ACM Neto, decidiu contratar uma empresa para “requalificar” a orla entre os bairros de Amaralina e Pituba.

Dez empresas chegaram à fase da abertura dos envelopes, mas apenas três tiveram suas propostas avaliadas. A licitação foi tocada pela Secretaria de Infraestrutura da cidade, chefiada na ocasião pelo agora prefeito Bruno Reis e vencida pelo consórcio Orla Marítima, que tinha entre seus integrantes a Construtora BSM.

A BSM pertence a Lucas Cardoso. O empresário, amigo de infância e confidente de ACM Neto, foi apontado na Lava Jato como seu operador por André Vital Pessoa de Mello, ex-diretor de Infraestrutura da Odebrecht, em acordo de delação premiada.

Também chamou a atenção do Ministério Público o custo da licitação em relação ao tamanho da obra. Foram gastos, segundo dados do portal da transparência de Salvador, quase 48 milhões de reais para reformar um trecho de pouco mais de quatro quilômetros.

Ainda de acordo com informações da prefeitura, faltam 5% dos trabalhos para concluir a obra iniciada em novembro de 2019. A investigação começou em 2020 e no ano passado foi prorrogada até novembro deste ano.

Como já mostrou o Bastidor, a BSM faturou ao menos 270 milhões em contratos com a prefeitura de Salvador durante a gestão de ACM Neto.

Bastidor questionou Bruno Reis sobre as informações veiculadas, mas não recebeu resposta até a publicação desta notícia. A reportagem não conseguiu contatar a BSM.



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