quarta-feira, 20 de maio de 2020

PORQUE NÃO TEMOS UM PRESIDENTE ASSIM?

Complôs políticos, Avante! e a crise no Governo "que não existiu". Marcelo voltou à rua

Presidente da República visitou este domingo o mercado municipal da Ericeira. Não desfez o tabu da recandidatura e anunciou que vai manter distanciamento... do primeiro-ministro.
Marcelo Rebelo de Sousa no mercado municipal da Ericeira
arcelo Rebelo de Sousa esteve este domingo na Ericeira, para uma visita ao mercado municipal e um passeio junto à praia dos Pescadores, numa iniciativa que serviu também de apelo aos portugueses para que voltem a sair mais à rua, tomando os cuidados impostos pela situação de pandemia. É tempo de "fazer a abertura, com cuidado, pequenos passos, e ir perdendo o medo, ir aparecendo e consumindo", referiu o chefe de Estado, reforçando assim a mensagem que foi deixada ontem pelo primeiro-ministro, numa visita à Baixa lisboeta.
Mas Marcelo não falou só do desconfinamento. Falou de António Costa e de complôs políticos, das festas partidárias e das regras que têm de valer para todos e das presidenciais de janeiro do próximo ano - e ainda não desfez o tabu da recandidatura.

Marcelo e Costa vão manter o distanciamento

Se o Presidente da República se prepara para aumentar as saídas e incentivar os portugueses ao consumo, há companhias que são de evitar. Marcelo diz que quer evitar "coisas a mais com o primeiro-ministro",. Porquê? Para que não se pense em "complôs políticos".
"Amanhã [segunda-feira] irei visitar museus, depois irei almoçar fora ou jantar fora a restaurantes diferentes, tascas. O primeiro-ministro vai almoçar com o presidente da Assembleia da República", anunciou o chefe de Estado.
"Decidimos assim, se não às tantas diziam que eram coisas a mais com o primeiro-ministro, começavam a encontrar logo complôs políticos", foi acrescentando Marcelo, mas revelando também que já há novo encontro aprazado, "numa iniciativa diferente no fim da semana". "Irei com o senhor primeiro-ministro numa visita a uma área muito significativa do país. E depois continuarei nas próximas semanas aos poucos, com pequenos passos como eu sempre defendi, para os portugueses se sentirem mais à vontade - seguros, mas à vontade, sem correrem riscos desnecessários, mas começando tanto quanto possível a normalizar a vida social".

Crise no Governo? Qual crise?

Marcelo referiu-se também aos acontecimentos que marcaram a última semana, desmentindo qualquer crise no Executivo. "Ainda ontem [sábado] o senhor primeiro-ministro disse - e disse bem - que não houve crise política ou do Governo. Não há crise. E, portanto, isso não existiu e não existe", afirmou o chefe de Estado aos jornalistas.
Quanto à permanência ou não de Mário Centeno no Governo, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu essa questão para o primeiro-ministro, mas considerou: "Se me pergunta se os portugueses devem estar gratos ao ministro das Finanças por aquilo que tem vindo a fazer ao longo dos anos, ah, isso é evidente". "Tão evidente que eu reafirmei-o há mês e meio, dois meses, em Belém", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa no mercado municipal da Ericeira
Confrontado com as críticas que recebeu pela sua intervenção, na última quarta-feira, a favor da posição que o primeiro-ministro assumiu no parlamento sobre as transferências para o Fundo de Resolução destinadas ao Novo Banco, o Presidente da República não lhes respondeu diretamente, mas centrou este caso no controlo do uso do dinheiro público.
"O dinheiro público é dinheiro dos contribuintes, portanto, saber se é bem utilizado, como é que é utilizado, isso é uma questão que não tem a ver com A, com B ou com C. É tão óbvio, tão óbvio, tão óbvio que toda a gente percebe que num período de dificuldade ainda é mais importante controlar o uso do dinheiro público", sustentou.
Marcelo Rebelo de Sousa remeteu depois para a nota que divulgou na quinta-feira, na qual se afastou de "questões internas do Governo", embora reiterando o entendimento de que "não é indiferente, em termos políticos" ser transferido dinheiro para o Novo Banco com ou sem conclusões da auditoria em curso que cobre o período de 2000 até 2018.

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