A sua origem e expansão além-mar
Em Portugal, os pavimentos calcetados surgiram no séc. XV. Foi também a partir desta altura que os territórios de além-mar de influência portuguesa, viram a pedra da mesma origem revestir os seus arruamentos
Isto deveu-se ao facto de muitos dos navios que partiam para esses destinos irem vazios, a fim de regressarem carregados de bens e mercadorias locais, e por isso terem necessidade de aumentar a sua carga e assim garantir a sua estabilidade de navegação – o chamado lastro. A solução encontrada foi carregar as embarcações de pedra portuguesa à partida de Lisboa.
Nos locais de destino, à falta de espaço de armazenamento das pedras, os jesuítas e militares começaram a aplicá-las nas vias que se iam abrindo pelos “novos” territórios.
Mais tarde, em meados do séc. XIX e em território nacional, teve origem a “calçada à portuguesa” tal como a conhecemos hoje – o revestimento de passeios pedonais com pedras calcárias claras e escuras e também basalto, colocadas de modo a formar desenhos e padrões.
Isso aconteceu na cidade de Lisboa, em 1842, pelas mãos de um grupo de presidiários (chamados “grilhetas” na época) que realizou a primeira calçada de calcário dentro do Castelo de São Jorge (que na altura era uma prisão), sob ordens do tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado, engenheiro e Governador de armas do castelo. O estilo de pavimentação era então pouco usual, com o seu desenho em ziguezague, suscitando grande entusiasmo na imprensa da época.
Após o sucesso da empreitada foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os reclusos pavimentassem também a Praça do Rossio, numa extensão de 8.712m². Esta obra terminou em 1848, com desenhos a homenagear os descobrimentos portugueses, e ficou conhecida como Mar Largo. Rapidamente se espalhou esta moda pelo país e pelas colónias, onde foram produzidas autênticas obras-primas nas zonas pedonais, enobrecendo o espaço público urbano, num ideal de modernização das cidades.
Um exemplo longínquo desta expansão da calçada portuguesa é Macau – antigo território administrativo português e talvez o território fora de Portugal com a maior área de calçada. Os motivos dos desenhos são, na maioria, de caravelas, rosas-dos-ventos, conchas, peixes, estrelas ou ondas do mar. Nem mesmo depois de 1999, aquando a transferência de soberania para a República Popular da China, essa área diminuiu, antes pelo contrário, ainda hoje este tipo de pavimento é implementado, até por calceteiros chineses, formados por mestres portugueses.
Actualmente, podemos ainda encontrar antigos pavimentos de calçada portuguesa no Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Índia ou Timor. Ou até encontrar novos exemplos, como acontece em Espanha ou nos E.U.A.
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