quarta-feira, 6 de maio de 2020

PORTUGAL, UMA EXCEPÇÃO NA PANDEMIA

Receita portuguesa: como o país se tornou uma exceção na pandemia

Praça da Figueira, em Lisboa, quase vazia: alta adesão popular ao isolamento e uso de máscaras foram essenciais no combate ao coronavírus - NurPhoto/Getty ImagesPraça da Figueira, em Lisboa, quase vazia: alta adesão popular ao isolamento e uso de máscaras foram essenciais no combate ao coronavírus

O 25 de abril este ano caiu em um sábado. Não que isso fizesse diferença: sob estado de emergência, os portugueses não poderiam sair às ruas de qualquer forma para celebrar a liberdade conquistada após uma insurreição que pôs fim a 48 anos de uma ditadura fascista no país. Uma incomum ironia para tempos incomuns. Foi a primeira vez em mais de quatro décadas que a Revolução dos Cravos, a data mais importante da recente história política do país, não foi celebrada pelas cidades.

As pessoas assentiram, cantaram e balançaram hastes de cravos nas janelas. Um senhor vestido de terno subiu a Avenida da Liberdade, em Lisboa, carregando uma enorme bandeira do país nas costas. "Não podia passar em branco", ele disse. E levou caminhada acima a metáfora que ganhou as páginas dos jornais no domingo seguinte: ele sozinho no meio da via vazia.

Carlos Alberto Ferreira, de 72 anos, carrega solitário a bandeira de Portugal na Avenida Liberdade durante a celebração da Revolução do Cravos - Corbis/Getty Images

Carlos Alberto Ferreira, de 72 anos, carrega solitário a bandeira de Portugal na Avenida Liberdade durante a celebração da Revolução do Cravos.

Desde que os primeiros casos do novo coronavírus colocaram a Europa em alerta no final de fevereiro, Portugal estava em sobressalto. Com uma população de idosos que chega a mais de 20% de todos os habitantes, era preciso fazer de tudo para preservar as vidas de pais e avós num tempo (parece que faz tanto) em que se pensava que a covid-19 era uma doença que levava apenas os velhos a óbito.

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