segunda-feira, 4 de julho de 2022

O CONSERVATÓRIO DO LITORAL

 


Poucos devem ser os leitores que sabem de que se trata. No entanto, esta iniciativa de dois franceses – perdão pelo eurocentrismo – é uma excelente forma de preservar o que sobra da bulimia dos investidores que pouco repugnam em usar a política de terra arrasada para lucrar mais e mais.

Serge Antoine e Jérôme Monod, sobrevoando de helicóptero, em 1965, a costa da Normandia, notam o avanço e a depredação do litoral, invadido por um verdadeiro stunami de concreto. Resolveram criar um órgão que impedisse esta destruição.

Desde 1975, o Conservatoire du Litoral adquire terrenos ameaçados ao longo das costas francesas assim como a margem de estuários e lagos com mais de 10 quilómetros quadrados. Hoje são 152.800 hectares repartidos em 600 sítios.  O objetivo é adquirir até um terço do litoral francês antes que seja construído ou descaraterizado.

Como funciona?

30 milhões de euros são atribuídos pelo governo francês por ano.

20 milhões da Comunidade Europeia, mecenato empresarial e doações particulares.

150 guardas contratados nas comunidades locais e 300 “empregos-jovens” asseguram a fiscalização dos sítios preservados.

30 milhões de visitantes (pagos) por ano nos 100 sítios abertos ao público contribuem a manutenção e conscientização.

1.500 quilômetros de costa, não só na França (Bretanha, Normandia, País Basco, Córsega, Costa Azul etc.) como nos territórios ultramarinos (Guiana, Reunião, Antilhas etc)

Que tal pensarmos na criação de uma instituição similar no Brasil, para salvar das garras da especulação o que resta de nosso belíssimo litoral? Já pensou o que pode advir de pequenos paraísos com Boipeba, Tinharé, Camamú, os rios Paraguaçu, São Francisco, Mangue Seco e tantos outros pelo país afora se a gente mais esclarecida não começa a intervir?

Se a sociedade não começar, hoje, a tomar consciência da importância deste patrimônio, o que deixaremos para as gerações futuras senão imensos desertos/cemitérios de concreto banhados por magros córregos de águas insalubres?

Dimitri Ganzelevitch

 

 

 

 

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