Governo baiano autoriza
resort de luxo que afetará Mata Atlântica e povoados tradicionais
A empreitada tem sócios como José
Roberto Marinho, um dos herdeiros do Grupo Globo, e Armínio Fraga, economista e
ex-presidente do Bacen
10 de março de 2023
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Organizações civis, moradores e
pescadores da Ilha de Boipeba estão fulos com a autorização concedida esta
semana pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia
para o corte de Mata Atlântica e o início das obras de um resort da Mangaba
Cultivo de Coco Ltda.
A empreitada turístico-imobiliária
fica na Fazenda Ponta dos Castelhanos, no sul da ilha. A licença de instalação abarca uma área
similar à de 1.700 campos de futebol, com infraestrutura viária, aeródromo,
pousadas, píer, 67 lotes residenciais e 2 dois lotes para atividades sociais.
Como ((o))eco contou, em abril de 2019, o empreendimento está em áreas protegidas por lei
federal e a empresa de cultivo de frutas tem como sócios José Roberto Marinho,
um dos herdeiros do Grupo Globo, e Armínio Fraga, economista e ex-presidente do
Banco Central no governo
Em preto, a área poderá ser ocupada pelo
projeto Turístico-Imobiliário Fazenda Ponta dos Castelhanos. Fonte. Divulgação
Internet.
Em nossa reportagem, a liderança
Raimundo Esmeraldino Silva, o Siri, alertou que áreas tradicionais de pesca
eram bloqueadas, barracos de pescadores foram derrubados e que moradores que
trabalhavam em fazendas tinham empregos ameaçados para “engolir o projeto”.
“Nunca plantaram [a empresa] um pé de
coco, nem de mangaba. Pelo contrário, querem tirar os pés de mangaba que são
parte de nossa renda e alimentação. Sempre tiramos nosso sustento da
agricultura, do extrativismo e da pesca. Estão acabando com nossa cultura e
nossa identidade”, desabafou Silva.
Análises do Ministério Público da Bahia sobre o licenciamento do Ponta dos Castelhanos determinaram a regularização fundiária de comunidades tradicionais e verificaram conflitos de competência entre órgãos públicos e impactos em mangues, nascentes e áreas de desova de tartarugas marinhas. O novo governador da Bahia, o autodeclarado indígena Jerônimo Rodrigues (PT) manteve intacta a direção do Inema.
Em reportagem de fevereiro em ((o))eco, entidades civis declaram que as gestões do partido no estado foram uma “escola para a má gestão ambiental de Bolsonaro e Ricardo Salles”.
Fotografias: Dimitri Ganzelevitch
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO.- Os predadores usam do velho argumento que este empreendimento trará empregos e melhor qualidade de vida.
Deixar de ser pescador para ser porteiro, faxineira ou lavador de pratos significa realmente melhorar de vida?
Este resort conseguirá passar um rolo compressor sobre a cultura local, as memórias, tradições, crenças e hábitos.
Sem falar da agressão a um ecossistema essencial para todo o arquipélago.
Isto é progresso?
Não! É ganância.
Só.
Nenhum comentário:
Postar um comentário