Azulejos portugueses: história, origem e curiosidades
Os azulejos portugueses encantam os turistas que visitam Portugal. Descubra a sua origem, história e algumas curiosidades.
Os azulejos que encontramos em prédios, paredes e espaços públicos portugueses têm cores ricas e padrões e simetrias cativantes, caracterizando a nossa cultura de uma forma muito marcante. As memórias e histórias de milhares de portugueses ainda hoje são recordadas através de diferentes estilos de linguagem e perpetuadas através da utilização do azulejo português nos mais diversos locais.
Apesar disso, a história do azulejo em si é pouco conhecida pelo grande público, e é por isso que lhe deixamos este artigo. Comecemos pela história. Apesar de ser um elemento proeminente no nosso país, o azulejo tem derivações árabes, e foram artesões muçulmanos que trouxeram esta arte para a Península Ibérica.
A arte dos azulejos teve um grande destaque em Espanha, e chegou depois ao nosso país (em 1498, após uma viagem de D. Manuel I a Espanha), tendo uma recepção muito positiva, que chegou a ser propagada nas colónias que Portugal detinha na altura. O azulejo tornou-se assim uma marca da cultura e arquitetura portuguesa, que inicialmente complementou o estilo gótico, dando-lhe originalidade e distinção.
No reinado de D. João V, diversas igrejas, jardins, palácios e casas nobres foram revestidos com azulejos, que na altura eram um símbolo de distinção social. Ao longo do tempo, o azulejo assume um papel de destaque na criação artística do nosso país, devido à sua longevidade de uso e modo de aplicação fácil.
Eram aplicados em pavimentos, tetos e paredes, e foram ganhando grande protagonismo em diferentes referências históricas, religiosas, de guerra e de caça. Ainda hoje podemos ver inúmeros exemplos desta arte decorativa, com as suas figuras a criar cenários de uma beleza ímpar.
Para apreciar o melhor da arte do azulejo, poderá visitar a Estação de São Bento, no Porto, cujos painéis de azulejos retratam episódios históricos do Norte do país, como o Torneio de Arcos de Valdevez, a receção de D. João I e D. Filipa de Lencastre no Porto, e a conquista de Ceuta, em 1415. Mas as maravilhas da azulejaria portuguesa não se ficam por aqui.
Em Ovar, poderá encontrar a igreja paroquial de Válega, verdadeira obra-prima da arte da pintura do azulejo, onde se representam cenas da iconografia católica. O interior da igreja é igualmente impressionante, estando decorado com listras de mármore e enormes painéis de azulejos decorados.
Não pode deixar também de conhecer a Casa Viúva, em Lisboa, que faz parte da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, e que se encontra classificada como Imóvel de Interesse Público devido à sua fachada, decorada por um revestimento em azulejo, exemplo pioneiro do azulejo como meio publicitário.
Não podemos deixar também de destacar a antiga Estação de Comboios de Aveiro, cujo painel de azulejos retrata algumas cenas do quotidiano, da paisagem e monumentos da região, e a fachada da Estação Ferroviária do Pinhão, em Alijó, que representa cenas dos costumes da vitivinicultura, principal atividade económica da região.
Quanto a curiosidades sobre os azulejos, existem muitas. Para começar, a arte do azulejo é um dos doze tesouros europeus, e uma vez que esta arte é muito valorizada no nosso país, Portugal ganhou o título de Capital Mundial do Azulejo.
De forma a fazer jus ao seu título, poderá encontrar em Lisboa o Museu Nacional do Azulejo, visita que se recomenda vivamente.
Toda a arte é pensada ao detalhe, e os azulejos não são uma exceção. Por exemplo, o azul e o branco das peças são cores herdadas da cultura holandesa e da porcelana oriental. Para além destas cores, era comum a combinação do azul e do amarelo, que era sinónimo de riqueza e justificava a presença destes azulejos em palácios e igrejas.
E falando em igreja, os azulejos usados como decoração das paredes tinham a função pedagógica de contar histórias bíblicas e religiosas, até porque a leitura era um privilégio disponível apenas para uma pequena parte da população da época.
Os azulejos são uma parte integrante da nossa cultura, sendo uma arte que ainda hoje é muito apreciada no nosso país. Vale sempre a pena conhecer mais sobre a azulejaria, seja visitando uma fábrica, seja visitando locais que apresentam esta arte na sua forma final.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO.- Lembrando meu projeto de um Museu Nacional do Azulejo que deveria ocupar o belíssimo Solar Bandeira, na Ladeira da Soledade, em Salvador.
A Bahia possui o maior acervo de azulejos portugueses fora de Portugal.
Merece um memorial proporcional a sua importância.
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